Tesouros que roubei

Porque aqui roubar não é um crime

Quem inventou o trabalho? Novembro 12, 2009

Filed under: Mim adentro — tesourosqueroubei @ 11:01 pm

Hoje li num pacote de açúcar qualquer coisa do género: “o café estimula a actividade intelectual e física” e pensei que poderia ser essa a solução para o meu problema. Sinto-me absorvida pelo trabalho. Há quem pense em vitaminas. Vou-me virar para o café. Estou a ouvir o rufar de caixas, o Pinheiro, a Festa está próxima e eu só penso no trabalho. Ando a pensar comprar um Blackberry para “ganhar tempo” e não perco tempo com nada, nem a sonhar. Até a dormir estou a trabalhar e não gosto desta condição. Ainda não consegui cheirar o Inverno, ainda não parei para sentir o Novembro. A cidade passa-me ao lado, chego a casa de carro e saio com ele. Tem sido assim, raras excepções e nestes últimos 15 dias é a rotina diária. Os fins-de-semana passam e quase não os noto, não rendem e a segunda-feira é o primeiro dia de cinco para voltar a descansar. Não gosto de mim assim, o trabalho não fica no escritório, queria poder trabalhar até às sete, arrumar a mesa, desligar a luz e fechar a porta.

 

“Entre as mãos de uma criança…” Novembro 1, 2009

Filed under: Mim adentro — tesourosqueroubei @ 12:09 am

Hoje uma criança confiou-me uma frase do diário que tem um código musical a substituir a antiga chave mestra que guardava tantos segredos: “querido diário, adorei o meu aniversário”. Uma verdadeira confissão quando parece que o mais normal é uma criança gostar sempre de fazer anos e da festa. Ela não. Melhor, ela não parecia estar a gostar, até parecia a criança mais alienada da festa. E só com esta frase, a primeira escrita no diário, passada uma semana do dito festejo, é que confirmei que ela estava na festa. A maior parte do tempo parecia ausente. Não se apresentava naquele sentido normal da aniversariante que toda a gente paparica, que nesse dia é quem manda, que todos permitem que mande. O pouco sossego era o dela, entre balões rebentados, enchidos com uma garrafa de hélio limitada a cinquenta balões que os faziam custar uma média de um euro e meio, lá se via a miúda sentada entre panados quentinhos e prendas recebidas.

Arecadação estava mesmo sem ‘r’ e foi lá que confirmei a estranheza dessa rapariga. Mas hoje disse que gosta do Carnaval e também: “sempre que digo a palavra crepe dá-me vontade de vomitar”. Afinal ela é criança, não é muito infantil mas é criança e o que hoje me valeu foi a companhia dessa criança.

Disseram-me que o meu anjinho anda muito ocupado a manter-me viva para ter tempo de me dar fortuna noutros campos. Se assim é, muita sorte já tenho eu.